emrevista

 

 

 

 

 

 

professora Fátima Duarte

Joana Teixeira, 11º A

 

 

Há quanto tempo dá aulas? Há quanto tempo está nesta escola?

- Sou professora há cerca de quarenta anos, em breve sairei do ensino. Nesta escola estou desde o segundo ano da sua existência.

 

Em quantas escolas já deu aulas? Qual foi a sua preferida?

- Na verdade, não andei por muitas escolas. No total, talvez umas seis ou sete.  Tenho alguma dificuldade em dizer qual foi a minha preferida porque trabalhei em escolas muito diferentes e, sobretudo, em tempos muito diferentes. A escola de hoje não se pode comparar com a escola de há dez, ou vinte anos… A sociedade mudou muito, por isso a escola também mudou, daí que seja muito difícil estabelecer uma comparação entre coisas / realidades muito diferentes.

 De qualquer forma não te deixo sem resposta. Gosto desta escola!

 

Que disciplinas já lecionou? Qual a que mais gostou de lecionar?

- Português, no ensino secundário e Língua Portuguesa no ensino básico. Não se trata de dizer de qual gosto mais, porque as duas têm componentes muito semelhantes, a grande diferença está no nível etário dos alunos a que cada uma se dirige. Penso que podemos afirmar que esta(s) disciplina(s) é (são) a(s) mais importante(s) do ensino, pois a nossa língua é a base de tudo. Para saber matemática (ou história…ou física …ou…) é preciso saber ler, interpretar e depois saber expressar o  pensamento. Naturalmente, que também faz parte do papel do professor de Português incentivar o gosto pela leitura e dar a conhecer a obra dos nossos escritores Por tudo o que disse, penso que se pode ver que gosto do que faço e, se tenho de escolher, talvez prefira trabalhar com os alunos do ensino secundário.

 

Em que altura da sua vida decidiu ser professora? O que a fez vir para esta profissão? Dar aulas foi a sua primeira profissão?

- Penso que desde sempre me imaginei professora, por isso, é difícil dizer quando aconteceu esse momento da decisão. Desde a infância, à medida que ia progredindo na escola que me fui encaminhando, naturalmente, para o ensino. Por isso, posso dizer que nunca pensei ser outra coisa e esta é a única profissão que exerci. Há muitas outras coisas que gosto de fazer, no entanto, considero tudo o que está para além do ensino como hobbies, formas de ocupar o tempo de forma mais ou menos criativa, mas complementar do ensino.

 

O que mais gosta nesta profissão? O que menos gosta nesta profissão?

- O melhor desta profissão é o contacto com os alunos, e por paradoxal que possa parecer, este aspeto pode também ser o menos bom da profissão, quando as atitudes e o comportamento de alguns alunos impedem o bom funcionamento das aulas. 

 

Quais os aspetos que considera mais relevantes na vida de um professor?

O papel mais importante do professor é formar, educar, despertar a curiosidade e o sentido crítico, e motivar os alunos para o conhecimento.

 

Qual o balanço que faz da sua atividade como professora?

É difícil responder com objetividade a essa pergunta e, provavelmente, outros poderão responder melhor do que eu. No entanto, o facto de, depois de tantos anos de ensino, eu sentir que o tempo passou muito depressa, talvez seja sinal de que o balanço só pode ser positivo.  

 

Na sua opinião, que aspetos mais importantes deveriam ser melhorados no ensino em Portugal?

Tem de haver estabilidade no ensino. É impossível haver bons resultados quando constantemente se estão a mudar as políticas de educação. Nunca se espera para ver os resultados das medidas implementadas anteriormente e isso, na minha opinião, é um grande erro. Para além disso, é importante implementar medidas no sentido de aumentar a autonomia das escolas e assim poder adaptar a escola à realidade em que se insere.

 

O que pensa do estereótipo feito perante a relação aluno-professor?

Primeiro que tudo, de que estereótipo estamos a falar? Era importante esclarecer isso. De qualquer modo, podemos dizer que só há escola porque este binómio, aluno-professor, existe. Professores e alunos são duas entidades complementares, um ensina, o outro aprende. Portanto, para que o resultado final seja bom, terá de haver o empenho, a dedicação e o envolvimento dos dois, ou seja, dos professores e dos alunos.

 

Houve alguma situação durante a sua vida enquanto professora que a fez sentir necessidade de desistir desta profissão?

Não, nunca. Não está na minha natureza desistir quando surgem dificuldades, prefiro encará-las e tentar encontrar as melhores soluções para os problemas que vão surgindo. 

 

Quais os seus planos para o futuro?

Em breve deixarei o ensino, não o faço sem alguma saudade, que já começo a sentir. Ir para a reforma é fechar uma porta que não se volta a abrir. Poderei fazer muitas outras coisas, terei tempo para ir ao cinema, para ler, para viajar, para me ocupar mais da família… mas sei que vou sentir a falta do bulício da escola.

 

Quer deixar alguma mensagem aos jovens alunos que serão o futuro de amanhã?

Quando se é jovem vive-se muito intensamente o agora, e é bom que assim seja. Dizermos que os jovens são o futuro é colocar sobre eles o peso de uma grande responsabilidade e que eles têm dificuldade em assumir, pois o presente é agora e há tantas coisas para fazer e viver. Acredito que se viverem bem o tempo em que vivem, assumindo cada uma das suas responsabilidades, (estudar, participar na vida cívica e social, ocuparem-se com atividades culturais, desportivas ou artísticas…) o futuro chegará e os jovens estarão preparados para o ocupar.